Dez passos para elaborar de forma participativa um Plano de Estado Sustentável, de Longo Prazo, aproveitando o potencial de nossa população e das florestas.
Em 29/07/21 ocorreu o “Dia de sobrecarga”, quando consumimos todos os recursos que o planeta é capaz de renovar em um ano. Isso foi quase um mês antes do estimado pela Global Footprint Network <https://bit.ly/3xgbJhu>, significando que a partir de 30/07 até final de 2021, operamos com um dos piores déficits ecológicos desde o início de 1970. Segundo a WWF, os fatores dessa piora foram o aumento da pegada de carbono (6,6% em relação com 2020), bem como a redução de 0,5% na biocapacidade florestal global. A WWF e a Global Footprint Network apontam que um dos fatores que contribuiu para o adiantamento da data foi o aumento do desmatamento na Amazônia, o qual ainda vem batendo recordes em 2021. Além disso, em 2020, quase 7,9 bilhões de pessoas estão consumindo 74% a mais dos recursos que a natureza consegue recuperar, assim precisamos de 1,7 planeta para manter o atual estilo de vida. Então imagine a colossal sobrecarga colocada sobre a Terra em 2050 quando se projeta quase 9,9 bilhões de habitantes. E o que podemos fazer?
Precisamos participar ou acompanhar ativamente encontros como a COP26 <https://ukcop26.org/>, evento da ONU que será em Glasgow (RU), entre os dias 31/10 e 12/11/2021, para encontrar maneiras para enfrentar as mudanças climáticas.
E no último artigo, iniciamos uma reflexão sobre como podemos ser ativamente protagonistas desse movimento global, por meio do desenvolvimento participativo de um Plano de Estado de Longo Prazo, tendo com base o uso da metodologia SMART Foresight e de cinco princípios: transparência, eficiência, sustentabilidade, cooperação global e continuidade. Este Plano pode usar como horizonte de tempo o ano de 2050, sendo revisado a cada 4 ou 5 anos. Sua construção e disseminação pode ser feita em dez passos:
Primeiro) Formar o Comitê Interdisciplinar Sustentável (CIS)
Com no máximo 10 membros, representando o Governo, as Universidades, as ONGs, os Indígenas, os Militares, os Empresários, as Escolas, as Igrejas, os Artistas e o Legislativo. Recomenda-se que sejam líderes com experiência comprovada em projetos sustentáveis, com capacidade de dialogar, gerenciar conflitos e facilitar a construção do plano;
Segundo) Definir as atribuições do CIS e princípios do plano;
Terceiro) Estudar Planos, Programas ou Estratégias adotados por Cidades, Estados ou Governos Nacionais, considerados referência internacional em sustentabilidade, descarbonização ou gerenciamento sustentável de florestas, tais como;
3.1 Estratégias de Longo prazo do Governo da Dinamarca para ações de clima global <https://bit.ly/3iepfOk>, bem como Plano Nacional de Contabilidade Florestal da Dinamarca <https://bit.ly/2VkpxKE>; 3.2 Estratégia Ambiental de Londres para 2050 <https://bit.ly/3zXbRUV e https://bit.ly/2Vo1Aly>; 3.3 Plano Verde de Cingapura para 2030 <https://bit.ly/3ygsSJl> e o ousado Projeto BIOPOLIS <https://bit.ly/3iei8FG>.
Ressalto que o Projeto BIOPOLIS foi lançado em 2003, alguns meses após a inauguração do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), com a diferença de que enquanto o CBA tem sido jogado ao limbo, vive em constante crise e não conseguiu decolar no Amazonas, o Projeto BIOPOLIS se tornou uma das referências no planeta em P&D&I e manufatura da indústria biomédica <https://bit.ly/3yhp7mW e https://bit.ly/3iei8FG>;
Quarto) Identificar Boas Práticas de Gerenciamento Sustentável de Florestas (incluindo arborização urbana);
Nos EUA, a Associação Nacional de Silvicultores Estaduais disponibiliza um site e um mapa digital <https://bit.ly/3yceamB> para disseminar as Melhores Práticas de Gestão, Planos de Ação e outras informações sobre o assunto. Além disso, a Fundação Florestal Americana também disponibiliza uma lista de Boas Práticas de Gestão Florestal <https://bit.ly/379Ob39> divididas em 8 categorias que atacam problemas que acontecem em nossa região. No Brasil há também coisas boas, quando se trata de florestamento urbano, este artigo <https://bit.ly/3j0U7mc> apresenta 36 boas práticas adotadas no Brasil em regiões referências no assunto. Quando se trata de se desenvolver mantendo a floresta em pé, recomenda-se estudar a proposta do Projeto Amazônia 4.0 <https://bit.ly/37eSI4q e https://bit.ly/3gN9ddQ>.
Quinto) Estudo de Artigos ou Relatórios Internacionais contendo diagnósticos, cenários ou recomendações para uma rápida descarbonização do planeta, tais como:
5.1 artigo científico <https://bit.ly/2TQIXWX> publicado em 2017 na prestigiosa Revista Science, pelo Dr. Johan Rockstrom e sua equipe, contendo um mapa para uma rápida descarbonização do planeta, com propostas de estratégias globais, metas e políticas públicas de curto, médio e longo prazos (até 2050); 5.2 Relatório “The World Bank Outlook 2050: Strategic Directions Note”, publicado pelo Banco Mundial <https://bit.ly/3zR87UM> para ajudar os países alcançar as Metas de longo prazo de descarbonização.
Sexto) Recebimento de treinamentos avançados em Metodologia SMART Foresight, cuja abordagem participativa tem sido usada: na UE por meio do Projeto CASI <https://bit.ly/3idH6oL> para inovação sustentável; nos Emirados Árabes <https://bit.ly/3rSfEjx> no seu plano de desenvolvimento espacial rumo a Marte; no Uruguai <https://bit.ly/3BJilIU>, na identificação de áreas chaves e recomendações para o desenvolvimento da Bioeconomia baseada nas Florestas até 2050.
Neste sentido, o Departamento de Engenharia de Produção da FT/UFAM pode construir um acordo de cooperação com o Instituto de Pesquisas Inovadoras da Universidade de Manchester <MIOIR – https://bit.ly/2TAVEFo> e com a Futures Diamond <https://bit.ly/3xgdXgQ>, a fim de apoiar na formação de curto prazo dos membros do CSI, e na formação à médio e longo prazos de profissionais do Amazonas, por meio de programas de pós-graduação, mestrado e doutorado nas áreas de C&T&I e Sustentabilidade;
Sétimo) Desenvolvimento de um Projeto para a construção coletiva do Plano de Estado de Longo Prazo;
Oitavo) Captação de Recursos para construir o Plano;
Nono) Elaboração do Plano de Estado com a sociedade;
Décimo) Disseminação e recomendações para as autoridades ou potenciais candidatos para a execução e aperfeiçoamento do Plano de Estado.
Finalmente, desde quando o Amazonas virou província, já se passaram 170 anos, 10 meses e 30 dias, até hoje nenhum Presidente, Governador ou Prefeito foi capaz de revolucionar, envolvendo ativamente a população no processo de construção de um Planejamento Sustentável de Estado e de Longo Prazo, então para um futuro melhor para nossas crianças e planeta, que tal começarmos a ser protagonistas nesse processo?