Num estado que tem crescente aumento da população na pobreza já chegando a 60% de pessoas, inclusive indígenas, extrativistas, pescadores, quilombolas, ribeirinhos não pode se dar ao luxo, nem sonhar em “arrancar” produtores rurais de suas terras que estão produzindo para comer e vender o excedente, há décadas. Temos comunidades indígenas na capital dependendo de cestas básicas do governo federal. Acredito que não foram expulsos de suas terras no interior do estado, mas optaram por acreditar em uma vida melhor na capital em saúde, educação e segurança, o que é perfeitamente correto, assim deve ser. Melhor a vida não pode ser privilégio apenas das lideranças dessas comunidades, que sempre visitam a capital e outros países, nem privilégio dos doutores em ambiente e clima que vivem atravessando o Atlântico, mas recentemente na Ilha da Madeira, segundo a atriz Cristiane Torloni. Interessante é que, no Amazonas, tem mais de 1.800 Ilhas para reunir, mas optaram pela Ilha da Madeira, bem longe dos povos e comunidades tradicionais. Talvez tenham levado algumas lideranças.
Um estado com dimensão continental e com 97% de floresta preservada não pode ter briga por terra, pior ainda é “arrancar” dessas terras quem produz e já está há anos no lugar. E tem mais, é bom ressaltar que aqui, seguindo o código florestal, 80% têm que ser preservado, só podemos usar 20%. Que outro local do mundo tem essa relação 80/20?
Quem não fez o Zoneamento Econômico Ecológico – ZEE do Amazonas nos últimos 20 anos deveria ser responsabilizado pela pobreza crescente em nosso Estado e exportar empreendedores. A segurança jurídica de todos os envolvidos, mencionando o caso de Autazes e municípios vizinhos, já estaria mais bem resolvida. A ausência do ZEE está levando o Amazonas ao caos social, econômico e ambiental, muita confusão, fome e mais pobreza. Lembro que o ZEE significa ECONÔMICO e ECOLÓGICO, e sempre foi uma política ambiental ignorada pelos ambientalistas.
Ainda bem que o governador Wilson Lima já afirmou, publicamente, que é contra NOVAS demarcações de terras indígenas. Temos um forte aliado.
No vídeo que assisti da Audiência Pública de Autazes vi a presença do deputado federal Fausto Lins, cadê os demais?
Defender quem produz alimentos no estado que tem 60% passando fome deveria ser PRIORIDADE ÚNICA. Combate à fome vendas antes da saúde, educação e segurança, ou seja, alimentar bem significa ter saúde, melhorar o aprendizado e menos violência (pai vendo seu filho com fome é capaz de tudo)
Soube que a iniciativa do senador Plínio Valério de descobrir para onde foram os bilhões do Fundo Amazônia foi muito elogiada na Audiência Pública de Autazes, reconhecida como importante, uma vez que os guardiões estão em vulnerabilidade, apenas poucos com R$ 50,00 reais no bolso.
Um estado onde os doutores em clima e ambiente, em 20 anos, apesar dos milhões recebidos por ONGs, não conseguiram incluir os guardiões nas políticas públicas, e nem colocar um centavo de concessão florestal, crédito de carbono e REDD+ no bolso de quem verdadeiramente preservou a floresta tem algo muito errado.
Vi no discurso do presidente da FAEA, Muni Lourenço, um detalhe que não conhecia e que vou publicar no meu portal Thomaz Rural. Trata-se de como nasceu o município de Autazes. Eu desconhecia! Aliás, o discurso do amigo Muni foi curto, claro, conciso e sempre buscando a conciliação. Sempre presente em pautas importantes em defesa de quem produz alimentos, do pequeno ao grande.
É por aí o caminho!
27.06.2023Thomaz Antônio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]