4 de outubro de 2024

Os bons velhinhos

Sempre quando vejo uma pessoa sendo útil em idade avançada fico feliz. Tantas pessoas acima dos 80 anos ainda na ativa é muito bonito de se ver. O questionamento sempre é válido: trabalham porque estão lúcidos ou estão lúcidos porque trabalham? Sim, a atividade os mantém lúcidos  porque ocupam seu cérebro com coisas válidas. Gostaria apenas de citar alguns, (são muito mais), dos que estão na ativa e nos dão exemplo de sua experiência. Talvez o mais conhecido dos brasileiros seja o apresentador Silvio Santos que muito cinquentão se lembra de ter assistido quando menino, praticamente no mesmo estilo. O jornalista Alexandre Garcia brinda aos brasileiros com comentários quase sempre ufanistas, mostrando um Brasil pujante e é respeitado. Como não falar de Carlos Alberto da Nóbrega, Bolinha, Raul Gil e outros homens que entretêm ao público? Rolando Boldrin continua alegrando com seus “causos” divertidos quase sempre sobre o homem do campo. Sem contar com os inúmeros cantores que estão chegando a esta idade e ainda produzindo e envolvendo muitos trabalhadores. A vantagem, para nós egoístas, é que mesmo quando se vão nos deixam suas músicas e com isso se tornam imortais.

Sem defender o tema do trabalho, mas a atividade em si, podemos dizer que, se os anciãos se sentem bem trabalhando, por outro lado não seria a hora de dar espaço aos mais novos? Jovens surgem todos os dias procurando trabalho. Talvez estes velhinhos não sejam em número suficiente para atrapalhar as estatísticas. Talvez por sua experiência e com sua presença ajudem a aumentar o mercado de trabalho, considerando que ocupam cargos de liderança. 

Não podemos esquecer os políticos que têm cargo eletivo. Enquanto muitos tentam acelerar sua aposentadoria, estes parecem teimar em não pendurar as chuteiras. É sempre bom ter políticos experientes até para conter o açodamento dos mais novos. Contudo, nunca é bom esquecer que gente safada também envelhece, como dizia meu saudoso pai. Pedro Simon foi apeado pela falta de votos para ser reconduzido ao Senado e Sarney desistiu por vontade própria. Aqui, no Amazonas, os velhinhos Arthur Virgílio Neto e Amazonino Mendes ainda ameaçam a nova geração com suas possíveis candidaturas. Ambos terão ultrapassado a barreira dos 80 anos após o pleito.

Num Brasil que já aposentou pessoas com menos de 50 anos, por tempo de serviço, ver pessoas recalcitrantes é até exemplar. Quando uma pessoa morre, costumamos dizer que “perdemos” tal pessoa. O fato de a morte ser natural e inevitável, não nos devia permitir esta expressão. Devemos sim, agradecer a convivência física ou virtual que estas pessoas nos proporcionaram. Perder para a morte sempre aconteceu e vai continuar acontecendo, caso não descubram o elixir da eternidade.

Enfim, quero pedir desculpas por aqueles que não citei. As mulheres, um pouco mais longevas que os homens, talvez permaneçam vivas por mais tempo, porque suas atividades nunca cessam. Isso prova que o ócio e o sedentarismo não prolongam a vida. Se analisarmos a vida das pessoas citadas, iremos descobrir que toda ela foi de muito trabalho. Somente o trabalho errado ou extremamente perigoso encurta nossa permanência na terra. Também peço desculpas por não citar a medicina, que tem um papel grandioso na longevidade.

Luiz Lauschner

é empresário

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