A vida humana é permeada de atitudes, que podem ser construtivas ou destrutivas. Desde cedo aprendemos na própria família, assim como nas escolas e outros ambientes sociais, que as palavras são importantes, mas os exemplos são muito mais. Nossos pais, parentes, professores e amigos podem nos ajudar, mas também podem nos atrapalhar, se não nos ensinarem pelos bons exemplos…Que nada mais são do que atitudes de amor e de responsabilidade que necessitamos aprender desde crianças. Na vida de uma Nação não é muito diferente. É o que temos observado durante o triste percurso desta pandemia, no Brasil e no mundo.
Na Nova Zelândia, a primeira-ministra Jacinda Ardern, os outros políticos com mandato e os demais dirigentes públicos, abriram mão de 20% de seus salários no início da pandemia. Desta maneira contribuíram diretamente com as despesas de prevenção e enfrentamento da Covid 19 e demonstraram solidariedade à população do país no desafio comum contra as ameaças da doença. No Brasil, alguns poucos ousaram propor algo semelhante, mas os mais bem aquinhoados do setor público não quiseram mostrar a mesma solidariedade.
Na Alemanha, a Chanceler Angela Merckel coordenou as medidas de restrição sanitária visando o controle da disseminação do vírus. Ela foi assessorada por comitês de especialistas e atuou de modo integrado com os governos locais, respeitando o princípio federativo e as especificidades de cada região do seu país. Aqui no Brasil, que também é uma Federação, o Governo Federal não quiz coordenar as ações de modo articulado com os estados e municípios, alegando uma decisão do STF, que limitou seus poderes, mas não impede que atue na coordenação geral das medidas de enfrentamento da Covid 19.
Em Israel, o governo nacional priorizou a aquisição de vacinas, mesmo por um preço relativamente alto, evitando protelar contratos na busca de condições “ideais”. No nosso país, o Governo Federal gastou meses a fio numa negociação demorada com a Pfizer, deixando de adquirir no ano passado vacinas que poderiam ter sido utilizadas já no início de 2021 e optando por contratar de modo suspeito vacinas da Índia, que só devem chegar aqui no final deste ano.
Na Inglaterra, o primeiro ministro Boris Johnson de início se mostrou recalcitrante em tomar medidas sanitárias enérgicas. Mas quando os casos se alastraram, incluindo ele próprio, que chegou a ser hospitalizado, “caiu em si” e implementou uma estratégia firme e concatenada de controle, com medidas de isolamento social e outras necessárias para evitar o maior alastramento da doença. Aqui no Brasil, do início da pandemia até agora, a maior autoridade da República desdenhou sistematicamente de medidas sanitárias básicas como o uso de máscaras, o distanciamento social e evitar aglomerações.
Por que descrevi essas situações contrastantes, em relação ao comportamento de líderes e governos no que diz respeito ao enfrentamento da pandemia de Covid 19 nos mencionados países e na nossa Pátria? Para estimular uma reflexão serena sobre comportamentos negativos que se alastraram nos “altos escalões” do nosso país, com algumas exceções. E isso se expressou pela falta de solidariedade da maioria dos dirigentes e representantes públicos à população mais vulnerável; na ausência de vontade política de buscar efetivamente a integração organizada de esforços entre os entes da federação, independente de cor partidária; na falta de prioridade para aquisição de vacinas que salvam tanto vidas quanto auxiliam a restabelecer as atividades econômicas; na teimosia de não reconhecer erros crassos e corrigir rumos na gestão da crise e na recusa à simples gestos de bom senso diante da população que necessita de bons exemplos para ser estimulada às boas atitudes.
Coincidentemente, nos países onde os bons exemplos prevaleceram no enfrentamento da pandemia de Covid 19, os resultados obtidos foram melhores do que nos países em que não houve a mesma responsabilidade: menos sofrimento e menos pessoas faleceram.