O artigo apresenta fatos e estatísticas que apontam que Bolsonarismo está deixando parte dos brasileiros mais doentes, burros em um país cada vez mais caótico.
Já ouvistes “O Brasil é o país do futuro” ? pois então, essa frase ficou famosa na era Vargas, a partir do livro do autor judeu-austríaco Stefan Zweig <https://amzn.to/2DV5JoM>, que visitou o Brasil em 21/08/36 e depois fugiu pra cá no auge de Hitler. O livro “Brasil, País do Futuro” foi lançado em 1941, em vários idiomas, com boa aceitação do público, porém foi considerado um fracasso pelos críticos, por considerarem o livro ufanista com muitos elogios a um país que passava por vários problemas da ditadura.
E se o autor Zweig pudesse ressuscitar em 2000 e tivesse tempo para ler os fatos que ocorreram desde então, especialmente dos últimos anos, o que será que ele escreveria em 2021 quando seu livro completaria 80 anos? sensível, ele ficaria duplamente deprimido, primeiro pelas atrocidades que viu na Europa, e segundo por perceber que maioria de suas previsões não se concretizaram.
Passados quase 80 anos, o Brasil não evoluiu como deveria, pois é dominado pelo tráfico, por milicianos paramilitares, por corruptos infiltrados nas igrejas, nas instituições militares, no congresso, no judiciário, e nas diversas instâncias estatais.
Em 2018, escrevi dois artigos no JC-AM (26/09 e 10/10/18) prevendo cenários de como seriam um governo de Haddad ou de Bolsonaro, com cenário realista de caos para qualquer um que ganhasse. O Bolsonarismo ganhou e essa ideologia nefasta está deixando o brasileiro mais doente e burro, em uma nação cada vez mais caótica, conforme evidências abaixo:
1) mais doentes e burros: 132 mil mortos só da Covid-19
Para entender a situação atual, voltemos para 2018, para o programa fajuto de governo, intitulado “Deus acima de Tudo”, com 81 páginas e 8394 palavras, onde o termo “saúde” só aparece 18 (0,21%) vezes, dos quais, em apenas cinco (0,06%) aparece de forma propositiva, mas vaga, sem metas, indicadores, tais como: a) “Segurança, Saúde e Educação serão nossas prioridades”; b) “Saúde e Educação: eficiência, gestão e respeito com a vida as pessoas”. Tal fato não é novidade para quem passou 28 anos no congresso fazendo confusão e mamando alto como deputado federal sem aprovar um único projeto de lei, original, de sua autoria, voltado para a saúde;
Quando brasileiro deixa de olhar o programa de governo, não acompanha o desempenho do candidato e seu currículo, e ainda assina um cheque em branco, votando em alguém despreparado, o resultado é isso:
1a) cortes bilionários e sem piedade na pasta da saúde
Segundo o IPEA <https://bit.ly/35DmEYF> o piso da saúde per capita no Brasil vem caindo desde 2014, saindo do patamar de 595 Reais para R$ 555 em 2020. Segundo o economista e vice-presidente da Associação Brasileira de Economia e Saúde, Carlos Ocke, desde a criação do SUS há um subfinanciamento do orçamento da pasta <https://bit.ly/35DmEYF>.
Evidências apontam que na era bolsonarista a coisa piorou e muito. Quem estuda o orçamento de 2020 e compara com 2019, verá os cortes de R$ 5,32 bilhões com pessoal (-27%), sem contar cortes em investimentos, obras e equipamentos permanentes, com redução de R$ 72,4 milhões (-1,64%), lascando a Fundação Oswaldo Cruz (corte de R$ 312 milhões), Fundação Nacional da Saúde (corte de R$ 147 milhões) e a ANVISA (corte de R$ 85 milhões).
1b) militarização e má gestão no Ministério da Saúde
Em um ano e quase nove meses, esse Ministério foi palco de muita confusão, com dois ministros trocados em pouco tempo, por conta de serem médicos e não aceitarem as loucuras do presidente, pois:
b1) desde jan/19 até jul/20, Mito já disseminou 1471 fake news ou informações distorcidas <https://bit.ly/2GNdH4n> para a população.
b2) de jan. a jul/20, ele disseminou 565 fake news ou informações distorcidas sobre a covid-19 <https://bit.ly/3aJvaWx>, gerando uma legião de seguidores desobedientes que também quebram os protocolos e enchem os bares, as ruas, as praias, etc;
b3) desde o início da pandemia, distraiu, atacou a imprensa, os governadores, os prefeitos, a OMS, se contaminou e contaminou os outros, quebrou todos os protocolos de segurança contra a covid-19, impôs ao Ministério da Saúde e ao Exército, agilidade para a compra e uso de cloroquina, remédio sem nenhuma eficácia médica contra o vírus, sendo atendido cegamente pela tropa, enquanto há forte burocracia, falta de remédios e EPIs em vários hospitais públicos, fatos que já estão sendo investigados pelo MP e MPF <https://bit.ly/3keO9eU, https://bit.ly/3mhsTHl, https://bit.ly/33oXpGD>.
A má gestão dos militares no Ministério da Saúde é gritante, pois um relatório recente de auditoria do TCU <https://bit.ly/3iteqpk> que avaliou a governança dessa turma, apontou que além da baixa execução do orçamento destinado às ações de combate à Covid-19, há falta de critérios para transferência de recursos, superposição de funções, não definição de competências e falta de transparência, valendo lembrar que por vários dias tentaram esconder o número de mortos no site do ministério, que hoje já ultrapassa mais de 132 mil casos fatais reportados.
O capitão e generais do governo têm discursos surreais, defendendo a cloroquina e hidroxicloroquina, e atacando o uso obrigatório das vacinas, colocando a vida do povo em risco, tornando os brasileiros mais burros e jogando o país em um obscurantismo que há décadas não víamos.
2o) Brasil mais queimado, corrupto e perigoso
Há recordes sucessivos de crimes ambientais na Amazônia e no Pantanal, sem contar o sucateamento do IBAMA, perseguição e demissão de funcionários públicos, bem como represamento das doações da Alemanha e Noruega para proteger nossas florestas. Em agosto/19 a NASA <https://go.nasa.gov/2ZyrLFn> afirmou que 2019 era o pior ano de queimadas na Amazônia desde 2010, confirmando as informações do Dr. Ricardo Galvão, sumariamente demitido pelos militares do governo.
Há erros não somente no Ministério da Saúde, mas nas políticas ambientais, com Forças Armadas: a) usurpando competências que são de órgãos de proteção ambiental, como o IBAMA; b) por desempenhar funções estranhas, comandam Operação Verde Brasil 2 com pouca efetividade, já que os números relativos à destruição da Amazônia Legal continuam a aumentar, sinalizando mais um ano de retrocesso na preservação do bioma Amazônia. Por conta desses e outros argumentos feitos pelo partido Verde, foi acertada a decisão da Ministra Cármen Lúcia (STF) em cobrar explicações <https://bit.ly/35zfYKW> do Presidente e do Ministro da Defesa sobre o assunto.
Com a ampliação da presença de militares no governo (6157), abraçados com políticos corruptos, repete-se o fracassado modelo das ditaduras do Brasil o da Venezuela, tornando o país mais perigoso a golpes, especialmente quando o judiciário começar a denunciar e condenar o clã do presidente, seus generais e aliados.
Finalmente, se o escritor Zweig estivesse presenciando tudo isso, ele já teria caído fora daqui e em 2021 lançaria outro livro chamado “Brasil, um país caótico e sem futuro”.