Os efeitos do aquecimento global já podem ser notados nos dias de hoje. O que antes era uma lenda urbana, atualmente podemos sentir na pele os estragos causados pelo próprio ser humano. Os estudiosos apontam várias consequências para o ato, incluindo o desmatamento de 40% da nossa floresta amazônica, o pulmão do planeta.
O Brasil por ser um país que abriga uma grande biodiversidade, está propenso a sentir as sequelas de formas distintas, sendo no aspecto climático ou na economia. Os produtores rurais dependem das condições ambientais para plantar e colher o plantio, que posteriormente será vendido nacionalmente ou para o exterior. Se medidas não forem tomadas para restringir impactos desfavoráveis, como iremos sustentar um país que depende economicamente das atividades de campo?
Foi com esse intuito que no último dia 06, a Comissão Senado do Futuro realizou uma audiência pública para debater o desenvolvimento da bioeconomia do país. De forma geral, todas as atividades desenvolvidas pelo setor, como a produção de fibras, madeiras, produção de remédios medicinais, ou até mesmo a juta produzida tradicionalmente no município de Parintins, no interior do Amazonas, são alvos de preocupação dos participantes que buscam proteger e incentivar o melhor funcionamento da categoria.
Tendo em vista que cada país possui sua peculiaridade e bioma diferente, o Brasil também pode seguir o modelo de países mais desenvolvidos, que apostaram e migraram seu sistema econômico focando em sustentabilidade. Como exemplo, podemos citar a Finlândia e o Canadá, que seguem um plano de estratégia voltado para acordos que beneficiem o meio ambiente e a economia.
Em seu artigo intitulado ‘’Aprendizagem Tecnológica e Inovação Industrial em Economias Emergentes: uma Breve Contribuição para o Desenho e Implementação de Estudos Empíricos e Estratégias no Brasil’’, o autor Paulo N. Figueiredo cita o processo de aprendizagem e capacidade tecnológica de um país desenvolvido e de economia emergente. Pelo lado da economia emergente, temos empresas que começam a operar de acordo com a tecnologia adquirida de seu antigo país de origem, ou seja, não existe o mínimo de capacidade tecnológica para competir com empresas que possuem uma estrutura totalmente industrializada. Se você investir em uma matéria-prima sustentável, mas não se atentar às mudanças necessárias para a sua realidade, dificilmente o negócio irá prosperar.
Essa é a principal diferença entre um país desenvolvido e um país emergente. Cada um possui uma capacidade de investimento em tecnologia. A trajetória de cada um irá variar de acordo com as condições de mercado, infra-estrutura de tecnologia e também com o processo de aprendizado para adquirir capacidade tecnológica. Só assim, os países emergentes terão condições de manterem competitivos no setor.
Durante o debate realizado no senado, o ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Pará, Alex Fiúza de Mello, afirmou que o processo de migração para a sustentabilidade não é rápido. É preciso ter um plano definido e estratégias que promovam a competitividade no mercado, pois a bioeconomia é a aposta de maior crescimento no setor. ‘’Seja do ponto de vista econômico, cientifico e geopolítico, a bioeconomia é decisiva para qualquer nação e, particularmente, para o Brasil, pelas próprias características de seu território e ampla biodiversidade. Todos sabemos que o grande desafio do século vinte e um é a inovação, que supõe ciência e tecnologia associadas a um empreendedorismo criador’’, declarou Mello.
É necessário, desde já, a implementação de políticas públicas voltadas ao incentivo de atividades que promovam a economia com a garantia de retorno financeiro em crescimento, além de levantar a bandeira de preservação.
Mello ainda aponta que as atividades a serem desenvolvidas precisam ocorrer de forma segura, dentro da lei. ‘’Precisamos de um projeto nacional e política de Estado, o que implica dizer objetivos de curto e médio prazo, legislação adequada à natureza dos desafios, padrões institucionais, fundos de investimento, modelos de gestão bem arquitetada, criar um ecossistema estrategicamente talhado e ancorado num pacto nacional’’, destacou o ex-secretário.
Em seu discurso, o proponente do debate, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) complementa que é necessária uma mudança política no aspecto da bioeconomia como sustentabilidade. ‘’Não se faz inovação, ciência e tecnologia com discursos, temos que ter recursos. Temos aí grandes desafios. Não podemos ficar inertes em relação ao que está acontecendo no mundo. Temos que avançar, temos que ter política de Estado para não ficar dependente de política de governo’’, finalizou o senador.
O mundo não está em perfeitas condições, desastres ambientais são cada vez mais comuns. Seria inteligente investir em formas de desenvolvimento que beneficiem a todos por um longo período de tempo, já que atualmente não há essa preocupação por parte da grande massa.