A quebra dos bancos americanos SVB e Signature Bank trouxe um momento de reflexão: nunca investir num único título. Não houve fraude ou objetivo do lucro fácil, mas suposta aplicação em papel que, embora seguro, também dependia da taxa de juros. E, como ninguém aguarda o vencimento do título, em razão da sua falta de segurança ou perda de credibilidade, todos foram resgatá-los, gerando a quebra dos bancos e afetando o sistema financeiro americano com reflexos no mundo globalizado. O exemplo vem de cima, esperando-se que no Brasil os banqueiros, ávidos pela obtenção de lucros exorbitantes, acordem para a realidade, ou seja, também dependem dos investidores e correntistas. A realidade está aí e é sistêmica. Vê-la como um todo é o primeiro passo para sair na frente pela conquista de novos mercados.
Por outro lado, recente estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta para clara necessidade de se investir na educação dos alunos. A cada ano o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), exame aplicado aos estudantes com 15 anos, coloca o Brasil entre os últimos colocados. O estudo ainda aponta a qualidade de ensino como fundamental para o crescimento do PIB, que deveria fazer parte das metas de melhoria do ensino pelo Ministério da Educação. Será que isto ocorrerá no atual governo? Priorizar uma educação de qualidade para todos se inicia com uma criteriosa e eficiente alfabetização que deveria ser o objetivo inicial para o sucesso de todos os segmentos, especialmente de futuros professores. Eliminar ou diminuir as desigualdades não exige fórmula mágica, mas apenas a vontade de lutar contra os problemas crônicos ou sistêmicos. Por isso, a educação não tem somente o dever de propiciar a igualdade entre todos os estudantes, mas o objetivo final que é qualificar o jovem para o mercado de trabalho. Como os objetivos são opostos, esperar que este governo vá construir algo é um sonho distante.
Assim sendo, o povo tem também sua parcela de culpa porque se alimenta somente de temas que o contagia e coloca em segundo plano o debate de matérias essenciais para o desenvolvimento do país, como este que estamos abordando. Tentar faz parte do dever de progredir, por isso a omissão é um dos pecados inadmissíveis.
E, por falar em temas envolventes, existe uma discussão sobre o aumento do número de seleções que participarão das próximas Copas do Mundo que terão 48 países e passarão a ser realizadas em três países, com raras exceções. O poderoso Gianni Infantino, presidente da FIFA, que pensa apenas no lucro, teve a audácia de usar o talentoso Haaland, norueguês, como sustentação, “eis que deixá-lo fora do Mundial seria um crime; uma vez que a seleção da Noruega jamais passaria das eliminatórias se a Copa tivesse 36 países”. Assim, para Infantino o mundial é um palco onde todos os astros devem estar presentes. Por outro lado, indagamos: para que as eliminatórias sul-americanas se quase todas as seleções irão se classificar?
Contudo, parece que o atual presidente da FIFA num aspecto tem razão: com 48 seleções nunca a Itália ficará de fora.
Manaus/AM, 21 de março de 2023
JOSÉ ALFREDO FERREIRA DE ANDRADE
Ex- Conselheiro Federal da OAB/AM nos Triênios 2001/2003 e 2007/2009 – OAB/AM