9 de dezembro de 2024

Atravessando o porvir – parte 3

Divulgação

Visto narrativas aqui tidas como algo sobrenaturais, tal bem recomenda pesquisa a respeito, ainda que uma colhida do estado de prostração febril de um garoto a manifestar alucinações, como posto em texto anterior, além de registros outros em via de citá-los linhas adiante

Assim é que palpitações maternas, intuições, pesadelos, visões, vozes lúgubres e o mais do gênero, devem enquadrar-se no campo do inconsciente, um tema sempre em discussão, tendo-se de um lado Freud que pregava: “Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir a sua vida e você vai chamá-lo de destino.” De registrar, bem se sabe, que Sigmund Freud, neurologista austríaco, tornou-se o pai da psicanálise, popularizou o conceito de inconsciente, região que guarda memórias, necessidades e desejos reprimidos.

De fato foi um homem para além de seu tempo. O livro de sua autoria, “A Interpretação dos Sonhos” sofreu inúmeras formulações, já que ele voltava atrás e revia o que escrevera, quando se dava conta de algum ponto a ser alicerçado, antes que alguém o fizesse. A propósito, em certa altura assegurou que é quase impossível conciliar as exigências dos instintos sexuais com os da civilização.

Contou com inúmeros contestadores. Entre tais, por exemplo Carl Gustav Jung, médico psiquiatra suíço, que fora discípulo de Freud, mas rompeu com o mestre e fundou a chamada “psicologia analítica.” Considerou a existência de um “inconsciente coletivo” formado por sonhos, símbolos e mitos que transcenderiam o tempo e as culturas e seriam expressões da alma humana, uma espécie de porão pouco iluminado da mente e que é inacessível ao pensamento racional, mas que ainda assim influencia a conduta das pessoas. Formulou o conceito de sincronicidade, isto é, um tipo de coincidência que ganha um significado especial para a pessoa a ponto de mudar suas escolhas conscientes.

Outras celebridades também divulgaram algumas críticas às sustentações de Freud, cada um com a sua visão do inconsciente, como por exemplo William Carpenter, fisiologista britânico; Charles Sanders Pierce, matemático e filósofo americano, mas sobretudo Leonard Mlodinow, doutor em física e matemática, voltado para a mente humana e pelo acaso, além de roteirista para séries de TV. De sua parte sustenta que Freud teve o mérito de ter descoberto o inconsciente usando métodos imprecisos, o que produziu um conhecimento difuso, mas, mesmo assim a origem das emoções permaneceu obscura.

Pesquisou-se que, hoje, o intercâmbio entre neurociência e psicologia experimental e os avanços da tecnologia nos permitem, pela primeira vez, construir uma ciência do inconsciente. Ademais, o novo inconsciente está escondido de você porque acontece em uma parte do cérebro que é inacessível. Já o inconsciente freudiano é tido como escondido de você por razões emocionais ou motivacionais, pelo que se tem como certo que restam verídicos e não dissimulados os distúrbios emocionais do nosso protagonista aqui figura de fundo, integrando-se ao grupo de visionários ainda que de outras causas.

É bem o episódio que se consagrou no livro de Oscar Wilde o retrato de Dorian Grey, publicado em abril de 1891. Logo, o que leva a deduzir que a crença da espécie é secular. A narração do consagrado autor diz da extrema reação do belo jovem Dorian Grey, retratado numa tela pelo pintor Basil Hallward, ao deduzir, vaidoso e sofrido, que enquanto o retrato permanecerá igual por todo o sempre, ele irá envelhecer. Indignando-se com o fato Dorian expressa um desejo atormentador: a sua alma em troca da juventude eterna do retrato. Permaneceria jovem e belo enquanto o retrato envelheceria em seu lugar. Ora – que magia! –  o desejo é misteriosamente concedido. Assim, o conto de Oscar Wilde que, pelo visto, desde muito (1891) o teve como plausível de romanceá-lo, bem cabe sugerir-nos que não é um despropósito tomar casos algo ligados ao tema nos dias que correm e narrá-los no texto seguinte, como fica aqui anunciado. (Continua).

*Bosco Jackmonth é advogado (OAM/AM 436). Contato: [email protected]

Fonte: Bosco Jackmonth

Bosco Jackmonth

* É advogado de empresas (OAB/AM 436). Contato: [email protected]

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