Devido à pandemia, o ano de 2020 tem exercito uma grande pressão sobre o mundo dos negócios, mas mesmo diante desse contexto, há diversas zonas francas no planeta se destacando em atrair e manter investimento estrangeiro.
Segundo o Secretário-Geral da ONU, o Engenheiro António Guterres <https://bit.ly/36eQJwF>, os fluxos globais de investimento estrangeiro direto foram severamente atingidos pela pandemia da Covid-19, caindo em 2020 para um terço (US$ 1 trilhão), bem abaixo do valor mais baixo alcançado após a crise financeira global registrada há uma década.
Para entender o impacto da Covid19 sobre as Zonas Francas ao redor do mundo, recomenda-se estudar os resultados quadrimestrais do Freezone World Economic Barometer (F-WEB), uma espécie de indicador de sentimento projetado para medir o momento atual da atividade econômica nas zonas francas, bem como as tendências. Este estudo é liderado pela World Free Zones Organization em parceria com o Kiel Institute for the World Economy <https://bit.ly/3ykZv8h>. Segundo a Economista e Doutoranda Saskia Meuchelboeck <https://bit.ly/2Upr4OX>, os resultados do último levantamento (quarto quadrimestre) feito em 2020 apontam que: a) desde o início de 2020, o sentimento econômico caiu drasticamente nas zonas francas investigadas ao redor do mundo, com frustração das expectativas e quedas acentuadas na lucratividade, no turnover, na empregabilidade e nos investimentos; b) 63% dos participantes revelaram que suas atividades foram de alguma forma impactadas economicamente durante a pandemia; c) as zonas francas ainda estão lutando para se recuperar, com 47% delas acreditando que já há os primeiros sinais de melhorias no momento, enquanto que outras 43% responderam negativamente; d) a maioria (77%) não recebeu apoio financeiro do governo; e) fornecer informações aos investidores sobre as ações tomadas em relação à covid-19, expandir a presença on-line e aumentar os serviços digitais, foram algumas das medidas tomadas pelas zonas francas para mitigar os efeitos negativos da pandemia.
Se de um lado o estudo supra-citado revela que a pandemia afetou negativamente várias zonas francas ao redor do mundo, por outro lado, o Relatório Global Free Zones of The Year 2020, publicado em outubro de 2020, pelo jornal Inglês The Finacial Times <https://bit.ly/3hBqMg3> em parceria com a FDI Intelligence, revela que há zonas francas que estão conseguindo atrair investimentos e superar os desafios impostos durante a pandemia, valendo à pena então fazer um resumo dos principais pontos desse documento.
O Relatório Global Free Zones of The Year é publicado anualmente e reconhece as melhores zonas francas em atrair investimento estrangeiro direto. Este relatório conta com o apoio também da World Free Zones Organization e da FDI Intelligence <https://www.fdiintelligence.com/>, uma organização líder mundial em oferecer soluções voltadas para a promoção de investimento e desenvolvimento econômico.
Na página 16 do Relatório Global Free Zones of The Year 2020, o Dr. Samir Hamrouni, CEO da World Free Zones Organization, explica o que faz uma zona franca ter sucesso, para ele: a) o sucesso é definido pelo nível de excelência que a zona franca alcança e pela contribuição econômica que ela gera para ajudar o governo a alcançar objetivos tais como impulsionar a exportação e empregos, transferir conhecimentos, etc; b) é importante ajudar a zona franca a ter fácil acesso a uma infraestrutura confiável, incluindo ativos físicos, recursos humanos e procedimentos administrativos eficientes; c) na era digital é crucial oferecer processos administrativos simples que utilizam tecnologia para melhor atender os clientes; d) uma estrutura legal confiável é necessária para atrair clientes/investidores, isso significa ter boas ferramentas de governança e normas atualizadas nas áreas ambientais, trabalhistas, etc; e) tudo isso requer orçamento adequado em nível regional para encorajar a colaboração e sinergia, a fim de atrair investimentos de multinacionais ativas na cadeia de valor global.
Para coletar os dados deste relatório, a FDI Intelligence convida gestores de zona franca, governo ou de organizações que promovem investimentos a completar um survey, detalhando a atratividade de sua zona franca, as facilidades e incentivos oferecidos aos investidores. Em 2020, cerca de 85 respostas vieram de zonas francas espalhadas pelo planeta e um painel de julgadores avalia e escolhe as melhores zonas francas obedecendo a metodologia descrita na página 8 do relatório.
Segundo o ranking de 2020 <https://www.fdiintelligence.com/article/78955>, as melhores zonas francas do planeta são:
1o) DMCC dos Emirados Árabes
Essa zona franca parece ser a favorita dos juízes, pelo 6o ano consecutivo é eleita a melhor do planeta, conseguindo novamente impressionar em seus resultados operacionais, governança de ponta e estratégia de marketing. Quem acessa o conteúdo do site oficial da DMCC <https://www.dmcc.ae/> e compara com o site da SUFRAMA <https://www.gov.br/suframa/pt-br> logo percebe o diferencial do conteúdo apresentado, tanto tecnológico, organizacional quanto estratégico.
Em síntese, cerca de cem mil pessoas vivem e trabalham na DMCC, região com 19 mil empresas, desde multinacionais até Start Ups, sendo que em média 170 empresas se juntam a essa zona franca mensalmente, 95% das quais são novas em Dubai.
A administradora dessa zona franca destaca que 39 atualizações do sistema foram implementadas para melhorar a experiência do cliente e melhorar a eficiência operacional em 2019, alcançando quase 100% de serviços digitais. Além disso, uma parceria foi feita com a Etisalat Digital para transformar as Torres Jumeirah Lakes em um distrito inovador, inteligente e sustentável, alimentado por uma rede 5G.
2o) Tanger Med Zones em Marrocos
Essa zona franca ficou em 2o lugar no ano de 2020, subindo 3 posições desde 2019. É a 1a vez que uma zona franca africana se posicionou tão alto. Em 2019, essa área empregava cerca de 90000 trabalhadores nas cerca de 1000 empresas exportadoras. Essa zona se destaca por sua capacidade de se organizar em quatro grandes empreendimentos: a Zona Franca Tanger, a Cidade Automotiva Tanger, a Tetotuan Shore e o Parque Tetotuan, as quais geraram cerca de 8,8 bilhões de Euros em 2019. Essa região se destaca como ponto estratégico de manufatura e comércio, especialmente de automóveis e produtos aeroespaciais, entre a África e Europa.
3o) Łódź Special Economic Zone na Polônia
Esta zona <https://sse.lodz.pl/en/> se destacou no ranking por seus esforços progressivos em se tornar o centro da Indústria 4.0 bem no coração da Europa Central e Oriental. Além disso, há registros de atualização da Regulamentação e dos Investimentos em Manufatura, P&D entre os novos negócios, favorecendo também a oferta de vários serviços prestados por Start ups e MPEs, com o particular foco no desenvolvimento de soluções 5G. Essa região emprega cerca de 46000 trabalhadores e já recebeu PLN 13 bilhões de investimento.
Outras sete zonas francas consideradas as melhores globalmente são: 4o) Waigaoqiao Free Trade Zone (China); 5o) Cayman Enterprise City (Ilhas Cayman); 6o) Mahindra World City Chennai (India); 7o) Coyol Free Zone (Costa Rica); 8o) Ras Al Khaimah Economic Zone (Emirados Árabes); 9o) Mauritius Freeport (República de Maurício); 10o) Freeport of Ventspils (Letônia).
O Relatório Global Free Zones of The Year 2020 também apresenta as melhores zonas francas por: 1) região; 2) por atratividade para MPEs, incluindo apoio para a inovação para esse segmento e Start Ups; 3) temas variados tais como 3.1 Preparação para rede 5G; 3.2 Colaboração Acadêmica; 3.3 Acesso à Matéria-Prima; 3.4 Desenvolvimento de Cluster; 3.5 Conectividade; 3.6 Apoio contra a Covid-19; 3.7 Proteção dos Dados; 3.8 Desenvolvimento de tecnologias; 3.9 Organização de Eventos; 3.10 Indústria 4.0; 3.11 Estratégias Inteligentes; 3.12 Apoio a Start Ups; 3.13 Sustentabilidade; 3.14 Desenvolvimento de Fornecedores, etc.
Finalmente, neste ranking a única zona franca do Brasil que aparece é a do Ceará, restando saber os motivos pelos quais a de Manaus, com 64 anos de idade, não está inscrita no World Free Zones Organization nem tão pouco aparece nesse ranking.