12 de dezembro de 2024

As cidades com melhor qualidade do ar do mundo

Anualmente, milhares de pessoas morrem no planeta devido à poluição atmosférica. Este artigo mostra os perigos desse problema ambiental, seus prejuízos, as recomendações da OMS, como acompanhar e finaliza com uma lista de cidades consideradas modelos por propiciarem ar respirável à sua população.

O ar é um dos elementos essenciais para gerar e manter a vida em nosso planeta. Resumidamente, a composição do ar atmosférico consiste principalmente na mistura de nitrogênio (78%) e oxigênio (21%), seguidos por gases nobres como o argônio (0,93%), gás carbônico (0,03%) etc. Além desses gases, existem outros componentes (poeira, vapor d’água, fumaças etc.) que podem variar conforme cada localidade.

Ocorre que, ao longo dos séculos, ficou evidente que muitas mortes aconteceram devido à piora significativa da qualidade do ar, seja por causas naturais ou pelas ações da humanidade. 

Entre os eventos naturais que impactaram na piora da qualidade do ar e ocasionaram mortes em massa estão:

A) a colisão do asteroide Chicxulub na península de Yucatán há cerca de 66 milhões de anos, que acabou com o reinado de 165 milhões de anos dos dinossauros na Terra, segundo fontes como <https://tinyurl.com/4ms9yfae e https://tinyurl.com/mu52pwfh>

B) a erupção do Vesúvio em 79 d.C. que dizimou 20% da população da imponente Pompeia. Cerca de 20 mil pessoas morreram e um estudo publicado na revista Plos One <https://tinyurl.com/2p8pkw6s> aponta que a principal causa das mortes foi por asfixia, e não por queimaduras ou desidratação, como defendem algumas teorias.

Entre as ações humanas que pioram significativamente a qualidade do ar, intensificam as mudanças climáticas e levam à morte de inúmeros seres vivos, estão:

C) a queima de combustíveis fósseis, produção de cimento, carvão, o mau uso de terras e florestas (desmatamentos, incêndios etc.) desde a Revolução Industrial. Estatísticas apontam EUA (509Gt), China (284Gt), Rússia (172Gt), Brasil (113Gt) e Indonésia (102Gt) como os maiores emissores de CO2 lançado na atmosfera do planeta.

D) o Grande Nevoeiro de Londres, entre 5 e 9 de dezembro de 1952, que levou 150 mil pessoas aos hospitais e resultou em aproximadamente 12 mil mortes de homens, mulheres e crianças.

O caso do grande nevoeiro de Londres é emblemático, pois foi causado por um conjunto de fatores, tendo como agravantes as emissões geradas para produção e consumo de carvão nas indústrias e residências, bem como poluição veicular na cidade, conforme fontes como <https://tinyurl.com/82eny86r> e <https://tinyurl.com/5bxn7yce>.

Se de um lado esse triste evento levou à morte centenas de pessoas e afetou por longos anos as gerações que sobreviveram, por outro lado fez com que o governo britânico colocasse o ar limpo como prioridade legislativa, resultando no Clean Air Act em 1956 <https://tinyurl.com/ypvkys45> e uma série de outras medidas e planos que inspiraram legislações nos EUA e outros países, impulsionou pesquisas científicas, desenvolveu novas tecnologias e aumentou a conscientização da opinião pública sobre a necessidade de combater a poluição do ar.

O fato é que diante de incontáveis casos de efeitos nocivos devido à poluição do ar, este se tornou um problema global grave.

Segundo a ONU: a) em todo o mundo 9 em cada 10 pessoas respiram ar poluído; b) o ar poluído contribui para doenças cardíacas, derrames, câncer de pulmão e outras doenças; c) sete milhões de mortes prematuras são provocadas anualmente pela poluição do ar, sobretudo nos países de baixo e médio rendimentos, conforme https://tinyurl.com/27p7dbcx.

Para reverter essa situação, há um bom tempo a OMS vem desenvolvendo uma série de parâmetros e recomendações para medir e reduzir os principais gases poluentes que prejudicam a saúde, a fim de ajudar as cidades a melhorarem a qualidade do ar.

Entre os parâmetros que envolvem a qualidade do ar há os valores aceitáveis para material particulado (‎PM2,5 e PM10), ozônio, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e monóxido de carbono <https://www.who.int/publications/i/item/9789240034228> para período anual, de 24h e 8 horas.

Entre as recomendações da OMS estão a adoção de políticas e investimentos em transportes limpos, habitações eficientes, energia limpa, indústrias sustentáveis e gestão de resíduos. Além disso, o acesso à energia doméstica limpa também reduziria muito a poluição do ar interior em algumas regiões, conforme <https://tinyurl.com/bdd2tbhy>.

Para acompanhar a qualidade do ar, pode-se acessar estes dois sites <https://tinyurl.com/576c73v3> e <https://aqicn.org/search/pt/>, neles é possível conhecer os parâmetros, o desempenho das cidades ao longo do tempo. 

Por exemplo, o indicador PM2.5 refere-se à concentração de partículas nocivas no ar com diâmetro menor que 2,5 micrômetros por metro cúbico. Valores entre 0 e 50 μg/m3 são considerados bons para a saúde. Acima disso, a qualidade do ar pode ser:  

Moderada (51-100 μg/m3): causa algum impacto para um número pequeno de pessoas; Não saudável para grupos sensíveis (101-150 μg/m3): prejudica crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios; Não saudável para toda população (151-200 μg/m3): prejudica a saúde de todos; Muito prejudicial (201-300 μg/m3): riscos significativos para a saúde pública; Perigosa (acima de 300 μg/m3): alto risco para toda população.

Outra forma de conhecer as cidades com melhor qualidade do ar do mundo, em termos de PM2.5, pode ser vista pelo ranking de 2023, publicado pela Smart Air <https://tinyurl.com/yc44mdek>, o qual avaliou em 2022 dados relacionados à qualidade do ar de 533 cidades espalhadas por 88 países. Segundo eles, as dez melhores são: 1) Zurique; 2) Perth; 3) Richards Bay; 4) Hobart; 5) Reykjavik; 6) Kryvyi; 7) Launceston; 8) Wollongong; 9) Sydney e 10) Honolulu.

Há outros rankings que revelam as cidades com os melhores índices de qualidade do ar do mundo. O importante é que elas possam ser estudadas pelos gestores públicos, a fim de identificar as boas práticas que poderiam ser adaptadas para nossa realidade, pois a cada ano que passa estamos sentindo piora não apenas na qualidade do ar, mas também no conforto térmico.

Em conclusão, enquanto algumas cidades conseguiram avanços e lideram rankings de qualidade do ar, outras ainda enfrentam graves problemas, como os níveis alarmantes de calor e de material particulado registrados recentemente em Manaus (329 μg/m3 no dia 12/10/23). Assim, é preciso perguntar onde estão acontecendo esses focos excessivos de calor, em quais cidades do entorno de Manaus? Isso será assunto para os próximos artigos, a partir da análise de imagens de satélites da NASA e tecnologias de geolocalização, aguardem.

Jonas Gomes

Prof. Dr. Jonas Gomes da Silva - Professor Associado do Dep. de Engenharia de Produção com Pós Doutorado iniciado no ano de 2020 em Inovação pela Escola de Negócios da Universidade de Manchester. E-mail: [email protected].

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