Um dos grandes problemas que atrapalham o entendimento entre os detentores do poder e a população em geral, chama-se SIMPLICIDADE NA COMUNICAÇÃO. Quando a população se encontra em uma situação de dificuldade como está acontecendo neste momento de pandemia, a comunicação torna-se quase que uma questão de sobrevivência.
Estamos assistindo neste período de pandemia aqui pelas terras tupiniquins um verdadeiro festival de erros e arremedos de políticas públicas, com atitudes que poderiam ser resolvidas de maneira bem mais fáceis e efetivas. Além da velha e insistente maneira brasileira de atuar na gestão pública, aproveitando o estado de calamidade para o superfaturamento e as compras desnecessárias, temos a mania de querer imitar políticas americanas ou europeias, como se fossem as únicas corretas.
No primeiro caso, estamos assistindo atitudes deploráveis e nojentas de pessoas que se aproveitam da pandemia para roubar descaradamente não o estado, ou mesmo o povo que é no final das contas o que paga as contas. A forma debochada com que tratam as negociatas, desvendada nos telefonemas que foram gravados pela polícia, mostram monstros escarnecendo sobre os cadáveres que diariamente são enterrados nas valas comuns dos cemitérios de nosso país. Ou pior ainda, bandidos sem coração roubando do sistema de saúde enquanto cidadãos de bem morrem nas filas das Unidades Básicas de Saúde sem receber o respirador que não chegou por ter sido negociado erradamente pelo ladrão.
Por outro lado, temos os gestores públicos perdidos sem conseguir fazer a população entender a importância de seguir um simples conjunto de normas sociais como o isolamento, ou distanciamento social, como queiram ou mesmo o uso das máscaras. No momento de conseguir convencer o povo da necessidade de votar em suas promessas furadas, conseguem rapidamente uma forma de comunicação que não aparece em um momento tão importante e vital como este. A moda do momento é prefeito e governador de tudo que é canto decretar o tal do LOCKDOWN! Afinal, a justificativa é esta, a China, a Europa e até os Estados Unidos utilizaram o mecanismo então porque não utilizar?
A questão é que decretando o tal do Lockdown, a população continua indo para a rua, continua se reunindo nos bailes punk, indo para o bar “tomar uma” e quando estão nas feiras e nas paradas de ônibus se empurrando para pegar o lugar, não estão preocupados em manter distância segura nem mesmo da máscara para defender das gotículas.
Vi uma reportagem onde o cidadão totalmente fora do padrão respondeu ao repórter sobre o fato de não estar cumprindo as normas com a seguinte tirada: “sei lá o que é esse tal de lockdown! Quero que ele se exploda!”. Olha a questão da comunicação; usando um termo que não é usual, querer impor ao cidadão uma atitude, se o mesmo não entende nem mesmo o significado do termo. Faltou aí um bocado de empatia e o trabalho do setor de marketing social dos governos. Talvez se trouxessem para o português e ao invés de termos ininteligíveis para o cidadão comum o gestor se dirigisse à população e decretasse: “A partir de agora vai ter UM ARROCHO!” Será que a mensagem não seria bem mais fácil de se entender?
As propagandas mostrando as “gotículas assassinas” poderiam mostrar o “espirro que mata” ou o “bafo capaz de mandar para o hospital”! Talvez os profissionais de Marketing e Publicidade e Propaganda ao ler esta matéria vão querer me matar, mas minha ideia seria exatamente criar uma forma talvez rústica, porém capaz de evitar a morte de muitos que entenderiam melhor as mensagens.
Falamos de Corrupção na saúde e de falta de comunicação no mesmo setor, colocando nestes dois fatores um tanto de culpa no caos que se instalou em nosso país. Logicamente existem muitos outros fatores, mas estes dois são importantes e pesados, devendo ser levados em conta. Para os dois fatores, creio que a sociedade deveria exigir das autoridades competentes, quando são realmente competentes, apenas uma coisa: ARROCHO!
*Origenes Martins Jr é professor, economista, mestre em engenharia da produção, consultor econômico da empresa Sinérgio
Fonte: Orígenes Martins