Apoiei o governador Wilson Lima quando ninguém imaginava sua conquista, quando tinha poucos aliados, depois vieram os oportunistas, o que é natural, faz parte do processo. Ajudei na construção de propostas de seu governo. Participei da transição e dos primeiros meses de governo. Não fiquei mais tempo em razão de compromissos e outros desafios privados. Já tinha mais de 35 anos de serviço público. Quem acompanha meus artigos semanais em nosso centenário JC e meu blog Thomaz Rural sabe que continuo defendendo o atual governo pelos resgates históricos que sua gestão vem fazendo em prol do nosso setor agropecuário. Um deles aconteceu semana passada, em Manacapuru, com o pagamento da subvenção estadual ao juticultor no mesmo ano de colheita da safra. Isso é inédito! É disparadamente o governo mais próximo do setor rural se compararmos com as gestões passadas.
Baixo acesso ao crédito rural
Contudo, essa questão do acesso ao crédito rural por parte dos nossos produtores rurais ainda não andou, não evoluiu. Nem com a revogação da Portaria do Ipaam reivindicada pelos produtores rurais durante a Expoagro. Os agentes financeiros já afirmaram publicamente que um dos gargalos para o baixo acesso do Amazonas é decorrente da falta de agilidade nas dispensas/licenciamentos ambientais.
Pergunto: Em quase dois anos do atual governo quantas dispensas e/ou licenças ambientais foram solicitadas e quantas foram concedidas a produtores rurais? Tinha muita curiosidade em saber, em conhecer esses números.
É inaceitável saber que o Amazonas acessou, entre janeiro e outubro deste ano, apenas R$ 14 milhões do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), equivalente a 0,05% do valor aplicado no Brasil que foi de R$ 26 bilhões
Ocupamos a 25° posição em nível nacional. Uma vergonha para um estado que tem metade da população na pobreza e entre as com maior desigualdade social.
Esses baixos números divulgados pelo Banco Central do Brasil de acesso ao crédito rural do PRONAF sempre incomodaram muito, muito antes do atual governo, e continua na atual gestão. Isso não pode continuar, tenho certeza que o governador Wilson Lima vai pedir explicação sobre esse péssimo desempenho de sua equipe, de seus assessores. Lutamos tanto por recurso, mas perdemos 25 bilhões para outros estados só este ano, ou seja, continuamos desperdiçando oportunidades. Não só o acesso ao crédito rural continua travado, mas o acesso a programas do próprio governo, como o de mecanização, entre outros. Incomoda muito esses números de acesso do Amazonas. Não aceito esse desempenho. Não estou culpando X ou Y, quero que isso seja resolvido, mas incomoda esse tema não entrar em debate de forma aberta, clara e permanente. Só devemos parar de debater quando sairmos dessa incomoda posição divulgada pelo Banco Central do Brasil. Quem sabe possa ser pauta para as próximas reuniões CEDRS, CONEPA e CEAPO. O Pará acessou 24 vezes mais que o Amazonas. Rondônia acessou 71 vezes mais do que o Amazonas. Aos que defendem a bioeconomia, sugiro que conheçam o imoral acesso do nosso estado aos Pronaf Agroecologia, Pronaf ECO, Pronaf Floresta e, também, os números da Política de Preço Mínimo da Sociobiodiversidade (subvenção federal ao extrativismo). Sei que a bioeconomia é um encaminho, mas precisamos primeiro resolver os gargalos citados neste artigo. Sabem a razão? É simples, Pronaf e Pgpmbio é dinheiro direto na veia de quem manteve a floresta em pé para o mundo, e que lamentavelmente está na pobreza. Bioeconomia é discurso bonito para o futuro, que logicamente devemos buscar, mas não coloca comida na mesa da metade da população que não tem o que comer no dia de hoje.
Acessar apenas 0,05% de 26 bilhões é difícil aceitar. Assim fica impossível interiorizar o desenvolvimento e reduzir a pobreza em nosso estado.