O artigo resgata Shakespeare, apresenta as semelhanças entre Lula (PT) e Bolsonaro e o fracasso deles nas eleições municipais de 2020.
Em anos de polarização política e baixo nível intelectual de boa parte dos parlamentares, dos candidatos e de suas propostas, vale a pena estudar William Shakespeare, um gênio que conseguiu expressar por meio da arte, da dramaturgia e da literatura, a politicalha de sua época com personagens da monarquia como protagonistas.
Quem gosta das obras deste dramaturgo consegue enxergar similaridades nos comportamentos dos personagens daquela época com os da politicalha brasileira.
Em “A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca”, a obra narra uma história sobre como o Príncipe Hamlet tenta vingar a morte do seu pai, rei Hamlet, executado por seu tio Cláudio. Nela o leitor reflete sobre vários temas envolvendo o poder tais como vingança, incesto, corrupção, moralidade, traição, valendo lembrar que essa obra tem gerado várias interpretações por estudiosos que se debruçam em estudá-la.
Nesta longa peça teatral, Shakespeare revela um príncipe dinamarquês tentando ser “moderno” para sua época, senhor do seu destino, mas infeliz, melancólico. Para o filósofo brasileiro Karnal, que ganhou muito dinheiro ministrando cursos para os companheiros na era Lula-Dilma, do mesmo jeito que o Príncipe Hamlet busca sua vingança e coloca a responsabilidade nos outros, em vez de reconhecer suas próprias culpas, assim também acontece com parte significativa da população, a qual joga a culpa nos governantes pelos males nacionais, chamando-os de corruptos, enquanto continua praticando a corrupção no dia a dia, usando o famoso jeitinho brasileiro. Nesse sentido, Karnal deveria lembrar também que em nosso país há inúmeros casos de políticos corruptos que vivem enganando a população e quando são alvos do MP, da PF, do TCU, da RF, do MPF, criam enredos, tentam interferir, jogam a responsabilidade nos outros, em vez de pedir desculpas, reconhecer os erros e tentar recomeçar de maneira diferente.
Outras peças interessantes são “Ricardo III” e a “Ilha dos Cachorros”, especialmente quando Shakespeare tenta indagar sobre os motivos pelos quais os cidadãos escolhem e aceitam governantes que não são qualificados para governar. Ao ler Ricardo III, o leitor tem a impressão de que o poder deforma, seduz, e pelo viés do interesse, muita coisa pode ser obtida por meio de acordos.
Em “Macbeth”, a peça mais violenta de Shakespeare, o leitor se defronta com os limites da ética dentro do ambiente político, a qual se molda de acordo com os interesses políticos.
Já na obra “A Tragédia de Júlio César”, o autor foca no personagem Brutus, mostrando ali que o povo é facilmente manipulado, volúvel, pendendo para o lado de quem lhe prometer mais, uma politicalha de pão e circo, muito parecida com o bolsa-família, os míseros auxílios que em vez de emancipar, deixam os pobres mais burros, dependentes, usinas de fazer votos para quem está no poder.
Se Shakespeare estivesse vivo, vivendo no Brasil nas últimas décadas, teria muito assunto para escrever, talvez escreveria uma peça chamada “A tragédia dos extremos no Brasil” tendo como personagens principais Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro, representando os dois extremos do que há de pior na politicalha brasileira.
Talvez Shakespeare justificaria o nome da peça teatral defendendo a tese de que o Brasil vive a tragédia dos extremos por conta de não haver diferenças no modus operandi entre os dois personagens que prometeram mudar o Brasil, apontando os 17 pontos em comuns entre Lula e o Bolsonaro:
1) são políticos oportunistas, raposas velhas do poder;
2) não sabem fazer outra coisa a não ser mamar nas tetas do estado;
3) já foram presos, condenados e colecionam crimes ao longo do tempo;
4) são investigados pela PF;
5) enriqueceram rapidamente ao longo do tempo;
6) têm familiares que também enriqueceram e que estão sendo investigados e até já foram denunciados pelo MP ou MPF;
7) para não levar impeachment, se agarraram com réus e/ou condenados do centrão;
8) lutam para acabar com a Lava Jato, se aliando com alvos da operação e magistrados que atuam para livrar da cadeia vários criminosos de colarinho branco;
9) detestam a imprensa, especialmente as emissoras, revistas ou jornais que expõem seus malfeitos;
10) disseminam fake news ou informações distorcidas da realidade;
11) têm baixo nível intelectual e são péssimos gestores;
12) diante das câmeras se colocam como vítimas, se dizem perseguidos pela imprensa e pela justiça, não conseguindo explicar os malfeitos para a população;
13) são especialistas em distrair os tolos, enquanto tentam suspender ou cancelar as investigações que avançam contra eles, seus familiares e aliados;
14) são populistas com apoio de parte da Igreja Católica, de Igrejas Evangélicas, de empresários e das forças armadas;
15) fazem promessas vazias;
16) têm bajuladores fanáticos que idolatram, colocando-os acima de qualquer suspeita ou crítica;
17) têm muita tara por dinheiro e poder.
Possivelmente, a tragédia teria como personagens todos os familiares dos dois clãs, os réus e condenados do PT e do Centrão, com direito a estreia de Dirceu disputando o Oscar com Queiroz, com participação especial de José da Silva (PT) e Chico Rodrigues (DEM), disputando o prêmio de interpretação dos homens das cuecas sujas de dinheiro.
A peça teatral teria vários episódios, a saber: ascensão de cada um dos personagens principais, os bastidores do mensalão, do impeachment, do petrolão, dos apartamentos, da farsa da facada, das fake news, do gabinete do ódio, das rachadinhas, dos funcionários fantasmas, da má gestão e corrupção durante a Covid-19, da mentira da eficácia da cloroquina e hidroxicloroquina, dos fantoches das Forças Armadas, das eleições de 2020 e do ostracismo de cada um dos principais personagens.
O ostracismo de cada um dos principais personagens não diz respeito apenas com a saída do poder, mas com o descrédito da maioria da população com os personagens principais, sinalizado nas eleições de 2020, em que tanto Lula quanto o Bolsonaro levaram peia no 1o e 2o turnos, com PT não sendo capaz de eleger nenhum candidato nas capitais do país, bem como o cabo eleitoral Bolsonaro não sendo capaz de eleger nem 26% dos 63 candidatos em que declarou apoio ao longo das eleições.
Finalmente, a tragédia dos extremos no Brasil revelaria os prejuízos que a nação vem sofrendo com polarizações burras que geraram duas décadas perdidas. Além disso, a nova obra resgataria a velha questão ainda não respondida em nosso país “Por que os medíocres chegam ao poder e lá permanecem com a cumplicidade dos homens e mulheres que se dizem de bem no Brasil?”