Imagine-se em frente a um violino. Instrumento que lhe espera sensibilidade e inteligência, atenção e carinho para vibrar com você na execução de uma melodia. Se você o toma de arranco, é possível que lhe caia das mãos, desafinando-se, quando não seja perdendo alguma peça. Se esquecido em algum recanto, é provável que se transforme em ninho de insetos que lhe dilapidarão a estrutura madeirada. Entretanto, guardado em lugar próprio e manejado na posição certa, como a lhe escutar a alma e o cérebro, ei-lo que lhe responde com a sublimidade da música.
Assim, igualmente na vida, é o convívio com pessoas que você espera apoio e colaboração. Chame-se familiar ou parente, chefe ou subordinado, colega ou amigo, se você lhe busca o auxílio, a golpes de azedume e brutalidade, é possível lhe escape da área de ação, magoando-se ou perdendo o estímulo do bem-viver. Se largado ao menosprezo, é provável que se entregue a influências infelizes, capazes de lhe envenenarem a alma. Se empregado por veículo de intriga ou maledicência, fora das funções edificantes a que se dirige, talvez termine desajustado por longo tempo. Mas, se conservado com respeito, no culto da amizade, e se mobilizado na posição certa, como receber de você as melhores vibrações da alma e do cérebro, ei-lo a lhe corresponder com a excelência e a oportunidade da colaboração segura.
Tal cooperação será erguida em bases de respeito e de verdadeira amizade que é, em tudo e em todos, o supremo tesouro da vida. Portanto, a convivência constante é desafio ofertado a todos nós, do qual precisamos sair vencedores. Os indivíduos que nos parecem mais difíceis de conviver, são instrumentos da ordem universal, lapidando nossas virtudes ainda brutas. A harmonia da convivência, mesmo com estranhos e pessoas muito diferentes de nós, só será conquistada quando passarmos a olhá-los com generosidade e empatia. Ouviremos então uma orquestra tocando bela música, com violinos, violas, violoncelos e baixos, instrumentos diferentes, mas que tocam a mesma melodia de amor.