11 de dezembro de 2024

A Constituição do Amazonas não olha para o futuro

”O Amazonas deveria iniciar o processo de revisão constitucional sob uma nova estratégia de longo prazo para ser coerente com os novos desejos”

A LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias do Amazonas número 5.558/21 fixa para 2022 um orçamento de cerca de R$ 22 bilhões.

Deste valor serão subtraídas as transferências para os municípios e outras parcelas, gerando a Receita Tributária Líquida sobre a qual se aplicariam os 3,4% como limite para repasse ao TCE – Tribunal de Contas do Estado (artigo 5º.), por exemplo.

Em 2020 a LDO previu R$ 18 bilhões de orçamento e o valor de repasse ao TCE atingiu R$ 281 milhões, e em 2021 o repasse está em R$ 237 milhões até agosto devendo chegar a R$ 350 milhões até dezembro.

Por outro lado, a Emenda Constitucional estadual 112/2019 fixou em 3% da Receita Tributária Líquida o repasse para o setor primário do Amazonas, cujo montante deve chegar a R$ 308 milhões em 2021.

Em 2021, portanto, o TCE receberá R$ 350 milhões e o setor primário R$ 308 milhões, números que indicam, sob determinado ponto de vista, magnitudes desproporcionais se forem comparados os aproximadamente 640 funcionários do TCE com os milhares de amazonenses envolvidos com o setor primário.

Numa análise ampliada, como a perspectiva de parte das novas futuras matrizes econômicas do Amazonas aponta para o setor primário, parece desproporcional o valor dos investimentos que estão sendo aportados neste setor.

A Constituição Estadual definiu os valores e percentuais atuais do orçamento ainda numa época cuja estrutura contextual considerava a ZFM – Zona Franca de Manaus e seu Polo Industrial como principal base econômica, senão a única.

Isto enseja que, ao se discutir o futuro da economia do Amazonas para os próximos anos, considerando-se a complementação com as novas matrizes econômicas até a substituição inicialmente gradativa da ZFM e ao final completamente, seria necessário promover uma reforma constitucional do estado coerente com esta nova estratégia política.

Se a constituição não fundamentar e estruturar os recursos, dificilmente se chegará a obter os resultados desejados.

O Amazonas deveria iniciar o processo de revisão constitucional sob uma nova estratégia de longo prazo para ser coerente com os novos desejos.

Caso contrário, continuaremos apenas num desejo retórico. 

Juarez Baldoino da Costa

Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Professor de Pós- Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.

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