19 de setembro de 2024

A arte de amar – Parte 2

Você tem um amor? Ou vários amores? É possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo? O que é o amor para você? Você acha que vale apena sofrer por amor? O amor liberta ou aprisiona? Será que existe uma explicação lógica para o amor? Você prefere amor ou paixão?

Naturalmente não temos respostas para essas perguntas, mas acreditamos que Vinícius de Moraes em seu poema “Soneto de Fidelidade” nos fornece pistas maravilhosas. Diz ele: “De tudo, ao meu amor serei atento\Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto\Que mesmo em face do maior encanto\Dele se encante mais meu pensamento\Quero vivê-lo em cada vão momento\E em seu louvor hei de espalhar meu canto\E rir meu riso e derramar meu pranto\Ao seu pesar ou seu contentamento”. 

E continua o Poetinha: “E assim quando mais tarde me procure\Quem sabe a morte, angústia de quem vive\Quem sabe a solidão, fim de quem ama\Eu possa lhe dizer do amor (que tive) \Que não seja imortal, posto que é chama\Mas que seja infinito enquanto dure”.

De toda sorte, quem tem um amor na vida que cuide dele. E antes que me acusem de ser obscuro, não falo aqui do amor teórico, do amor abstrato. Falo sim do amor real, do amor pelo companheiro, pela companheira, pelo irmão, pela irmã, pelo pai, pela mãe, pelos vizinhos, pelos amigos…

Precisamos desenvolver mais a nossa capacidade de amar. Precisamos amar mais as pessoas, os doentes, os pobres, os excluídos, os refugiados, os que sofrem. Precisamos, ainda, ser mais respeitosos, solidários, acolhedores; amar os animais, cuidar do meio ambiente, zelar pela cidade, enfim, ser ético. 

Somente quem ama de verdade pode entender a grandeza do amor. O amor é livre de qualquer tipo de preconceito, não tem idade, não tem ideologia, não tem cor, contraindicação. Ele serve para todos, para o bruto e para o gentil. É bálsamo para queles que sabem o seu real valor, mas, ao mesmo tempo, veneno para aqueles que não sabem construir vínculos afetivos verdadeiros.

O amor é a forma mais genuína de expressão humana. É a energia de atração mais sublime e motivadora que existe. Em João 15:13, o Evangelista fala do amor em sua forma mais sublime: “Não existe maior amor do que este: de alguém dar a própria vida por causa dos seus amigos.” 

Evidentemente que o amor conforme define os poetas e escritores é quase impossível de colocá-lo em prática. No entanto, nunca devemos desistir do amor. Devemos sempre buscá-lo, desejá-lo, seja qual for a razão, a causa, se real, factível ou utópico. O importante é que o amor como forma de realização humana seja uma prática cotidiana.

Por fim, acreditamos no amor verdadeiro, naquele amor proclamado pelo Divino Mestre: “Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se alguém tomar a sua capa, deixe que leve a túnica também. Dê sempre a qualquer um que lhe pedir alguma coisa; e, quando alguém tirar o que é seu, não peça de volta” (Lucas: 6:29-30).

Luís Lemos

É filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de "Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente", Editora Viseu, 2021.

Veja também

Pesquisar