14 de setembro de 2024

2021, uma nova esperança

Durante anos nosso país esteve imerso em corrupção. Nós ficamos tanto tempo imersos em tanta corrupção que acabamos perdendo o senso de percepção, assim como um peixe que não percebe a água onde nada. A operação Lava-jato, iniciada em 2014, nos despertou dessa dormência: ficamos sabendo de um esquema de corrupção tão grande, tão sistêmico e com objetivos tão nefastos, que foi inevitável se revoltar contra a situação e, para quem não acompanhava, passar a acompanhar de perto a política nacional, para que pudéssemos entender o que levou nossa classe política e as nossas instituições de controle a permitir tamanho assalto ao nosso dinheiro. Esse sentimento, ao se constatar que a política nacional falhou totalmente em agir com ética, com decência e com honestidade foi tão forte que gerou uma revolta na opinião popular, manifestações de rua e o fortalecimento nacional da voz do povo. Diversos ativistas políticos anticorrupção foram eleitos para o Congresso Nacional em 2018, Jair Bolsonaro personificou nas eleições esse sentimento, se elegendo Presidente da República (para total surpresa da imprensa e o público desgosto de grande parte da classe política) e, ainda, o emblemático juiz da Lava-jato, Sérgio Moro, foi Ministro da Justiça. Parecia que tudo conspirava em favor do Brasil.

No entanto, houve uma (grande) pedra no caminho: a presidência da Câmara dos Deputados. Agora que a população está se envolvendo mais com política, estamos enxergando como a política nacional funciona, os pontos fracos de nossas instituições, seu modus operandi e entendendo como o jogo é jogado – até onde é possível entender. Toda essa vontade popular que quer uma política atuando em favor do Brasil começou a notar um enfraquecimento do eco de suas vozes durante o ano de 2019 e 2020 (a presidência da Câmara dos Deputados possui mandatos de 2 anos, vedada a reeleição). As pautas que levaram Jair Bolsonaro à vitória começaram a ser minadas no Congresso Nacional, e não avançaram como a vontade popular gostaria. Essa visão, inclusive, é exposta em falas do próprio Presidente da República, e é uma visão plausível por conta do seguinte fato: o Partido dos Trabalhadores (PT) se uniu ao, à época, presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para apoiar o candidato Baleia Rossi (MDB-SP) na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados. O PT foi o partido mais envolvido e atingido com a operação Lava-jato e foi o partido derrotado por Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018.

Essa semana, porém, o deputado que se tornou presidente da Câmara dos Deputados (para os anos de 2021 e 2022) não foi o candidato do PT (nem de Maia). Foi o candidato apoiado pelo Presidente da República, o deputado Arthur Lira (PP-AL). Agora, a Câmara dos Deputados e a Presidência da República podem atuar para que a pauta que venceu as eleições em 2018 avance, com foco no respeito ao dinheiro do pagador dos impostos, no combate à corrupção, no desenvolvimento econômico e em uma política que pense primeiro no Brasil. Tudo isso pode ser perseguido por meio da aprovação de reformas estruturais em nosso país. 

Frente a todos os problemas que a pandemia que estamos vivendo tem causado, a união sadia de esforços da Câmara dos Deputados e da Presidência da República parece ser uma notícia esperançosa. Que possamos ter mais anos sem escândalos de corrupção no Governo Federal, que continuemos com ministros técnicos de altíssima capacidade e que a pauta que venceu as eleições em 2018 seja prioridade na Câmara dos Deputados.

O povo não pode perder o protagonismo, e devemos continuar vigiando para que os anseios vociferados em 2018 guiem as ações da política nacional, seja na Presidência da República ou no Congresso Nacional. Nunca podemos perder a esperança de termos um país melhor.

Eduardo Costa

é empresário e professor de contabilidade em Manaus

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